Mostrando postagens com marcador Brasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Brasil. Mostrar todas as postagens

5 de fev. de 2011

Cos ollos no Brasil


Aínda que os mapas mercátor nos poidan enganar á vista, o Brasil ten case o duplo de extensión que toda a Unión Europea. O xigante americano, nomeado como unha das economías emerxentes do mundo, fala galego sen saber que o fala.

Algúns artistas da Galiza están a tecer pontes co Brasil. Disto facíase eco onte El País na súa edición galega. A reportaxe, de Daniel Salgado, intitúlase "Territorio da 'galeguia'".

Oxalá a nivel institucional a Xunta tamén remase na mesma dirección que estes artistas. Seríanos de grande proveito a nivel cultural, mais tamén económico. A galegofobia péchanos portas.

11 de abr. de 2009

Quero inventar o meu próprio pecado

"Cálice" é un dos temas xeniais do Chico Buarque, que nesta versión interpreta a dúo co Milton Nascimento. A canción foi censurada durante a ditadura brasileira, co argumento de que "cálice" e "cale-se" se pronuncian igual.



Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguem me esqueça